quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Apresentação


O diálogo e a mobilização das Negras Jovens Feministas se configuraram num momento importante de intercâmbio, participação e debate político sobre os rumos do feminismo e a democracia feminista, no 10º Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe, que ocorreu no Brasil, em 2005.

No 10º EFLAC as mulheres jovens protagonizaram diversas ações, entre elas os painéis de juventude e o I Fórum de Jovens Feministas, por terem garantido uma representante na Comissão Organizadora do evento.

Já as jovens negras, no Encontro se identificaram se apropriaram dos acontecimentos políticos e se organizaram coletivamente para discutir seus principais pontos para o documento final que seria lido pelas jovens na plenária final. A atividade referência para este encontro foi à oficina, Diálogo entre Movimentos Feministas e Movimento Negro, que resultou posteriormente na criação do grupo Negras Jovens Feministas. As jovens saíram deste espaço com desejo de organizar um espaço para mobilizar, socializar, dialogar sobre a história do feminismo negro e do que é ser uma jovem negra feminista na sociedade brasileira.

Um outro momento de importante ocorreu durante a mobilização nos Estados e preparação e qualificação para atuar na II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres foram realizadas algumas ações importantes: A Semana da Mulher Jovem que resultou num documento de São Paulo com alguns pontos e proposições das jovens feministas; a reunião de jovens delegadas coordenada pela FES e também, participaram da reunião organizada pelo movimento de mulheres negras com o apoio da UNIFEM. Na II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, as mulheres jovens negras, indígenas, quilombolas e lésbicas chegaram bem articuladas e contribuíram na construção de documentos chaves.

Especificamente as negras jovens produzirem o zine “Feminismo não combina com racismo”, material que apresentava as principais reivindicações das negras jovens feministas, e denunciava o racismo no interior do próprio feminismo. Como ocorreu em diversas situações do processo das conferências nos municípios e Estados. Essa mobilização entre os movimentos de jovens feministas e de mulheres militantes que resultaram na conquista do eixo de Enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia e enfrentamento às desigualdades que atingem as mulheres jovens e idosas em suas especificidades e diversidades (eixos 10 e 11) alterando o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

Durante a plenária final da II Conferência de Políticas para as Mulheres a Ministra Nilcea Freire assumiu publicamente alguns compromissos com as mulheres jovens, dentre eles destacamos: Garantir as representações de mulheres jovens na comissão de relatoria da II Conferência de Políticas para as Mulheres e no Conselho Nacional de Mulheres e o apoio da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SPM) para o encontro de jovens delegadas da Conferência Nacional de Juventude. Além da vaga de mulheres jovens no Conselho Nacional de Mulheres.

O I Encontro Nacional de Jovens Feministas, no Ceará , em março de 2008, jovens mulheres feministas: negras, lésbicas, sindicalistas, rurais, candomblecistas, universitárias, se reuniram para discutir e tentar consolidar uma articulação de jovens mulheres que abarcasse as diversas bandeiras políticas que corroboram da perspectiva emancipatória da condição de ser mulher, visibilizando as especificidades que devem ser respeitadas nos Movimentos Feministas. Sendo assim, formou-se a Articulação Nacional de Jovens Feministas.

Durante os dias correntes aonde as discussões iam se apresentando, as negras jovens presentes, percebiam que o feminismo negro ao qual tinham pertencimento político poderia se apresentar na articulação, mas a concepção política, histórica e filosófica desse feminismo não vertebraria aquele espaço. Mais uma vez, as demandas, expectativas e anseios das jovens negras seriam destacadas apenas como uma pauta específica. Nessa ocasião, há o lançamento de uma Carta Aberta feita pelas negras jovens presentes, onde logo no 1º parágrafo do documento, cumprimentam os 20 anos de resistência do Movimento de Mulheres Negras contemporâneo. A partir daí, reuniões extras para tratar das questões que afligem essa categoria se estabelecem, ficando visível que a dificuldade em unificar as demandas e apresentá-las dentro do espaço daquela Articulação mista como uma força política com estratégias alinhadas, apresentava- se no contexto geral como uma fragilidade que prejudicava a pretensão daquela coletividade presente. Assim, as negras jovens de todas as regiões representadas tiram como prioridade para o futuro do feminismo negro, o imperativo de construir esse espaço político, que se inicia com o fortalecimento de uma lista de discussão (ainda no Ceará), perpassa pela responsabilidade de cada uma ali presente voltar ao seu estado de origem e disseminar a idéia da rede para desembocar no 1º Encontro que reuniria jovens negras de todo o país portando os anseios de cada região.




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