Nós, conselheiras do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, repudiamos
com veemência os atos de misoginia, discriminação e violência contra a
estudante Geisy Arruda, da Universidade Bandeirante de São Paulo, campus
de São Bernardo do Campo.
Manifestamos nossa total indignação em relação à violência tanto dos alunos
dessa universidade, quanto da diretoria, que, em um ato de total despropósito e
desrespeito, expulsou a discente da instituição. Frise-se que Geisy não foi
notificada oficialmente, tomando ciência através de um anúncio publicado na
mídia impressa.
Salienta-se que justificar qualquer crime ou mesmo discriminação contra a
mulher só faz disseminar a cultura sexista de gênero, afastando a culpa dos
agressores, que é tão somente deles, e transmite a responsabilidade a fatores
secundários, como o uso de roupa supostamente inapropriada, ou ainda,
comportamento alegadamente provocativo da vítima.
É inconcebível que atualmente ainda tenhamos que escutar o diretor de uma
instituição de ensino superior justificar tamanha barbárie com a seguinte
afirmação: "a atitude provocativa da aluna resultou numa reação coletiva de
defesa do ambiente escolar".
Então, perguntamos: perseguir, xingar, tocar, fotografar, ameaçar de estupro,
cuspir em uma aluna que usou um vestido curto nas dependências da
Universidade é defender o ambiente escolar?
Nós, Conselheiras do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, repudiamos o
desrespeito com que todas as mulheres da sociedade foram tratadas neste
caso.
Brasília, 9 de novembro de 2009.